Ocupar e Zeitgeist na SIC

Desde 15 de Outubro que membros do Movimento Zeitgeist Portugal estiveram muito presentes no que foi, e é, o Ocupar Lisboa. Durante quase dois meses esses membros conjuntamente com muitos activistas de outros grupos formaram um núcleo que apelidaram de “Ocupar Lisboa”.

Ocupar Lisboa não é só um protesto.
Nós já não esperamos qualquer solução vinda de um governo. A mudança está em nós e apenas nós podemos mudar os paradigmas em que esta sociedade se assenta. Escrevemos este manifesto para que todas as pessoas que se sentem injustiçadas e indignadas num sistema que não vai de encontro às suas necessidades, possam saber que somos seus aliados. Somos cada vez mais e temos consciência que, só construindo um novo sistema, poderemos tornar o actual obsoleto.

Ocupar Lisboa é resistência.
Perante a corrupção do sistema, cabe aos indivíduos proteger os seus próprios direitos, e os dos seus concidadãos, conforme estipulado no artigo 21.º da Constituição da República Portuguesa – Direito à Resistência. Um governo democrático obtém o seu poder apenas a partir do povo, que o valida ao aceitá-lo como legítimo. Chegamos a vós num momento em que as corporações, que põem o lucro acima das pessoas, auto-interesse acima da justiça, e a opressão acima da igualdade, mandam nos nossos governos. Nenhuma democracia verdadeira é atingível quando o processo é determinado por lucros e não pelos interesses do povo. Estamos aqui reunidos pacificamente, como é nosso direito, para que estes factos sejam conhecidos.

Ocupar Lisboa é consciência.
Mais do que ocupar um espaço, pretendemos ocupar a nossa mente, coração e alma. Abandonando futilidades destrutivas do passado e aprendendo com os erros, com respeito, valores, educação e arte. Lutamos por aquilo que nos une, não por aquilo que nos separa. Estimulamos um pensamento holístico ao valorizar tanto a racionalidade como a intuição. Ao tomarmos conta que o conhecimento é poder, a sua partilha e o seu cultivo tornam-se as únicas armas válidas contra a injustiça e ganância deste sistema. Entrar num entendimento colectivo propicia uma nova dimensão da consciência que evolutivamente teremos de habitar, de forma a abrir um potencial ilimitado.

Ocupar Lisboa é sustentabilidade.
À medida que se vai tornando cada vez mais clara a situação de insustentabilidade do actual sistema económico, o seu irremediável trajecto para o colapso impele-nos a agir e pretendemos estar preparados quando isso acontecer. Pretendemos autonomia – autonomia pessoal, autonomia de recursos, autonomia energética (energias renováveis) – de forma a garantir a sustentabilidade e a preservação do nosso planeta e da sua biosfera. Temos, hoje em dia, tecnologia para garantir o bem estar de todos os habitantes do planeta, desde que a produção e o consumo sejam sustentáveis. Temos de despertar mais o servir do que o servirmo-nos. Ao promovermos uma economia baseada nos recursos e não na escassez, estaremos a garantir uma maior aproximação à real riqueza da terra, de forma a gerí-la eficientemente. Porque todos nós merecemos viver e não apenas sobreviver.

Apoiados por membros do Movimento Zeitgeist o Ocupar Lisboa manteve a sua presença constante durante muito tempo. Acompanhando vários protestos, manifestações e acções de rua o apoio do Anonymous foi crucial. Não só foram mantidas várias reuniões de outros grupos como acção directa, ou a presença de membros da plataforma 15 de Outubro ou Indignados durante a ocupação como foram desenvolvidas parcerias e em acções conjuntas entre todos.

Acima de tudo fica que o Ocupar, resultado da união das pessoas como pessoas, e não como membros de grupos é dirigida à sustentabilidade, igualdade social e ao fim da oligarquia da falsa democracia em que vivemos. O apartidarismo foi sendo sempre um ponto chave quer do Ocupar Lisboa quer dos membros de outros grupos que lutam contra a injustiça e rumo contra-natura da democracia actual, tal como o Movimento Zeitgeist ou os Anonymous.

Na presente data o Ocupar Lisboa já levantou acampamento, no entanto, a missão perdura, os objectivos, alguns já alcançados balizam ano de 2012 cheio de acções rumo ao futuro que temos direito.