Publicado na Universidade Federal de São Paulo, um artigo de Opinião: Sobre a possibilidade de uma “Economia Baseada em Recursos” por Flávio Tayra, agradecemos a objectividade e racionalidade demonstrada.
A abordagem parte de um diagnóstico interessante, mas o que poderia ser uma bela ideia de uma sociedade utópica se converte numa distopia totalitária, com a ciência e a tecnologia no comando.

O artigo explica muito bem o sentido e alcance de uma sociedade em volta da gestão racional dos recursos naturais e humanos. De facto a premissa base deste sistema é de que a Terra é abundante em recursos, no entanto a nossa prática de gestão desses recursos através de métodos monetários é irrelevante e contraprodutiva à nossa sobrevivência. Os únicos verdadeiros problemas são os problemas comuns sociais a todos os seres vivos e ao planeta.

Mais acrecentando-se que tal sistema possibilitaria o uso da tecnologia para superar a escassez de recursos ao utilizar fontes de energia renováveis, informatizar e automatizar a manufactura e o inventário, projectar cidades seguras e energicamente eficientes assim como sistemas avançados de transporte, providenciar um serviço de saúde universal e uma educação mais relevante e, sobretudo, gerando um novo sistema de incentivo baseado na preocupação com o Homem e o Ambiente em simbiose.

O ilustre autor do artigo que comentamos define o sistema social de economia de recursos por oposição à economia monetária da seguinte forma:

Os recursos naturais, negligenciados pela teoria econômica convencional, seriam assim geridos de forma global, com base em sistemas avançados de cibernética, eliminando a escassez e baseada em energias renováveis. Mas as coisas começam a mudar de figura quando sustenta que as decisões para chegar a tanto seriam tomadas não por políticos, mas com base na aplicação do método científico, mediante análise dos recursos disponíveis da Terra. Os políticos não seriam necessários, bem como a democracia ou a opinião do povo (como eles poderiam opinar sobre questões a respeito dos quais não possuem a menor noção?). Tudo seria tecnicamente resolvido.

E conclui:

Neste ponto, o que poderia ser uma bela ideia de uma sociedade utópica se converte numa distopia totalitária, com a ciência e a tecnologia no comando.

Somos por concordar com a primeira afirmação, por espelhar o pacto social proposto pela EBR, mas não com a ideia de ser uma distopia. Isto porque um sistema social em que não existe governo, porque todas as decisões políticas (sociais) seriam alcançanda por um consenso racional e objectivo não deixa de se encaixar na definição de um sistema totalitário, na medida da opinião não esclarecida (científica) não ter, desde logo valor nessas acções políticas Em suma tais decisões seriam tomadas de acordo com parâmetros como: melhor decisão científica, sustentável, menos impacto social ou gestão racional universal.

O modelo de decisão é partilhado e baseado na resolução de problemas, aplicando o método cientifico, de colocar questões, testar, descobrir e convencionar as leis naturais às problemáticas da vida em sociedade e de um mundo sustentável em simbiose com a Natureza.

Quem toma as decisões numa economia baseada em recursos?

Ninguém. As decisões chegam com a introdução de novas tecnologias e a capacidade da terra. Computadores podem prover esta informação com sensores electrónicos espalhados pelo complexo industrial, ou seja as decisões não se tomam, chegam-se a elas a através do método científico em benefício da sociedade e de acordo com o consenso racional científico. Do ponto de vista objecto da melhor solução ser aquela que é mais sustentável, e melhor para todos os seres e o planeta,

Portanto, se concordamos com o rótulo “totalitário” não podemos concordar com a distopia. Seria falacioso apelidar uma utopia de distopia, porque de defenirmos a primeira como palavra usada frequentemente para descrever realidades perfeitas não atingíveis ou ainda não atingidas (wiki) e distopia será a sua antítese, a utopia negativa, estaremos a apelidar o sistema de economia baseada em recursos o oposto da sua permissa inical de que tal sistema terá em consideração o melhor para todos os seres humanos e para o planeta.

Todas as distopias descritas de alguma forma deixam de colocar o bem estar de todos, sempre, e da Natureza em jogo. E é por isso que definir a EBR como uma distopia é um raciocínio inválido. Veja-se exemplos de distopias que todos conhecem:

E de utopias:

Fonte: Artigo, wikipédia, Projecto Vénus

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